Contra despedimentos e repressão

Vigília na <i>OGMA</i>

Trabalhadores da OGMA concentraram-se, dia 23, em vigília, diante das instalações, em Alverca, contra a reestruturação que está a destruir postos de trabalho e a forçar rescisões.

A acção revelou «atrocidades» cometidas sobre os trabalhadores

O Sindicato dos Trabalhadores Civis das Forças Amadas, Estabelecimentos Fabris e Empresas de Defesa (STEFFAs/CGTP-IN) tinha recordado, através de uma nota de imprensa, no dia anterior a esta acção, que a crise nacional e internacional foi a justificação da administração para iniciar um processo de reestruturação «com vista à redução drástica dos postos de trabalho», embora mantendo «um conjunto significativo de mão-de-obra, mas sub-contratada, recorrendo a empresas prestadoras de serviços».
Como explicou o dirigente sindical, Ricardo Costa, desde Maio que a administração envia cartas aos trabalhadores, onde estes são convidados a ficar em casa, deixando de comparecer ao serviço, e onde consta a ameaça de extinção dos postos de trabalho com a opção de acordarem rescisões «amigáveis» ou a suspensão de funções.
A indignação dos trabalhadores da OGMA acentuou-se ainda mais porque, como aliciamento, a empresa comprometeu-se a assegurar um salário mais baixo do que o auferido até aqui, por tempo indeterminado, a quem aceite a suspensão de funções, esclareceu o dirigente sindical.
O sindicato apresentou imediatamente uma queixa junto da Autoridade para as Condições de Trabalho, apelado à fiscalização desta situação. No entanto, «até agora, não obtivemos resposta», assegurou o dirigente do STEFFAs, na conferência de imprensa, durante a vigília.
Com 1700 trabalhadores efectivos e quase 400 contratados a termo, desempenhando funções permanentes, a administração da OGMA-Indústria Aeronáutica de Portugal, até àquele dia, tinha conseguido forçar 29 trabalhadores a optarem por ficar em casa, com o salário reduzido, e os restantes 41 a aceitar a rescisão, de um total de 70 operários que receberam cartas.
Comprovando que há alternativas aos despedimentos, o STEFFAs considera que a administração devia «encontrar soluções que viabilizem a empresa e garantam os postos de trabalho, nomeadamente através da procura e obtenção de novos clientes e novos contratos». A «reestruturação» em curso é repudiada por conter um conjunto de «atrocidades cometidas sobre estes trabalhadores».
Trabalhadores e sindicato garantiram, no fim da acção, que prosseguirão a luta em defesa dos postos de trabalho e contra a actual reestruturação, que consideram incorrer em ilegalidades várias.

Cartas sem vergonha

Numa das cartas, a cuja cópia tivemos acesso, assinada pelo presidente do Conselho de Administração, Eduardo Bonini, e composta por uns escassos três pequenos parágrafos, quase em jeito de telegrama, o trabalhador é informado de que «o seu posto de trabalho foi extinto», sendo-lhe recordado que rejeitou a proposta de rescisão.
Reafirmando a intenção de prosseguir com o processo de reestruturação, o administrador informou que o trabalhador foi «dispensado de comparecer ao serviço, desde a presente data até que a empresa lhe comunique para se apresentar ao trabalho».
Para o STEFFAs, este é um exemplo flagrante dos «actos persecutórios e sem sentido no Portugal de Abril», que se vão repetindo no mundo laboral.

Resistir

Numa manifestação de activa solidariedade com os trabalhadores em luta, representantes da Direcção da Organização Regional de Lisboa do PCP e eleitos da CDU no município de Vila Franca de Xira participaram na acção. Num comunicado, intitulado «Contra a repressão, em defesa da empresa e dos postos de trabalho», como referia a faixa que assinalou a vigília, a DORL do PCP acusou a administração de impor um clima de «terror psicológico, no sentido de levar os trabalhadores a aceitar as rescisões», e exigiu «do Governo, uma política de valorização e potenciação da OGMA, que desde a privatização, enfrenta crescentes dificuldades».


Mais artigos de: Trabalhadores

Luta justa na <i>Saint-Gobain</i>

A administração foi acusada de praticar «assédio moral» que está a provocar graves problemas de saúde a vários trabalhadores, acusou o plenário de anteontem, na fábrica em Santa Iria da Azóia, da Saint-Gobain Glass.

Atacar causas e efeitos

«É preciso pôr fim ao aumento do desemprego», exige a CGTP-IN, reagindo aos números de Setembro, que o IEFP divulgou sexta-feira, e notando que são dos mais elevados desde o 25 de Abril.

Fenprof quer sinais claros

Da nova equipa do Ministério da Educação, a Federação Nacional dos Professores espera «capacidade de diálogo e negociação» e «sinais claros e inequívocos de mudança», a começar pela suspensão do actual regime de avaliação, dispensando as escolas de apresentarem a calendarização prevista até final de Outubro. O objectivo,...

Novo <i>lay-off</i> rejeitado na <i>Oliva</i>

Reunida na segunda-feira, a comissão de credores da Metalúrgica Oliva, em São João da Madeira, aprovou a elaboração de um plano de viabilização da empresa, depois de a maioria dos 184 trabalhadores ter rejeitado, no plenário de dia 22, a proposta da empresa para uma segunda suspensão do trabalho por mais seis meses, até...

Condições iguais no têxtil

Impedir que as mesmas empresas dos sector têxtil pratiquem remunerações diferentes em Portugal e em Espanha foi uma reivindicação central saída do encontro-debate de dia 23, em Guimarães, promovido pelo Conselho Sindical Inter-Regional Galiza/Norte de Portugal.O encontro contou com representantes de quatro confederações...

Emprego e direitos ameaçados nas auto-estradas

No encontro nacional de trabalhadores das auto-estradas, promovido no sábado pelo CESP/CGTP-IN, foi expressamente admitida a possibilidade de fazer greve, pela primeira vez neste sector, para defender os postos de trabalho e os direitos, ameaçados pela instalação generalizada e obrigatória do Dispositivo Electrónico de...

<i>Montepio</i> reprime

«O recurso à subcontratação é um puro expediente da administração, para fugir às responsabilidades que deve assumir perante os trabalhadores», acusa o Sintaf/CGTP-IN, que convocou para ontem uma concentração frente à sede do Montepio, na baixa de Lisboa. A luta contra a precariedade na banca, que o sindicato tem vindo a...

Produção parada na <i>Império Pneus</i>

Com o subsídio de férias em atraso e impedidos de trabalhar desde 7 de Outubro, os trabalhadores da Império Pneus Indústria concentraram-se, anteontem, em Braga, diante do Governo Civil para «denunciar a situação intolerável em que se encontram», informou o Sindicato dos Trabalhadores da Química, Farmacêutica, Petróleo e...

Reformados em tribuna pública

Uma «tribuna pública», com o objectivo de chamar, mais uma vez, a atenção para os problemas dos reformados e salientar que as suas dificuldades têm causas e responsáveis, vai ter lugar hoje, a partir das 14 horas, na Praça de Londres, em Lisboa, junto ao Ministério do Trabalho.A iniciativa é promovida pela...

Militares dão continuidade à luta

A COMIL apelou a todos os militares, através de um comunicado, para que se mantenham unidos contra a «política de destruição da condição militar e de confrontação com as associações». A Comissão de Militares avisou que se «perspectivam «aumentos zero», um nivelamento dos vencimentos para os militares dos escalões mais...